O Futuro do Google Ads com a Inteligência Artificial

A inteligência artificial (IA) está transformando o cenário do Google Ads, impulsionando mudanças significativas e o futuro da publicidade online. Essas transformações visam otimizar a relevância dos anúncios, aprimorar a experiência do usuário e facilitar a gestão de campanhas para anunciantes
Mudanças no comportamento de compra do consumidor e no buscador do Google
O comportamento do consumidor está em constante evolução, e o Google tem se adaptado para atender a essas novas demandas.
Buscas complexas e contextuais: As pessoas não fazem mais apenas buscas simples. Elas buscam respostas mais complexas e contextuais, utilizando a IA para resolver problemas de forma mais abrangente.
Exemplo Prático: Em vez de pesquisar “melhor câmera”, um usuário pode perguntar: “Qual a melhor câmera para fotos de paisagens em ambientes com pouca luz e que seja fácil de transportar em viagens?”.
Novas formas de pesquisa
O Google expandiu as formas de pesquisa, incluindo:
Pesquisa por voz: Utilização da voz para realizar buscas.
Pesquisa por imagem (Google Lens): Permite pesquisar produtos ou objetos tirando uma foto, tornando a busca mais intuitiva e eliminando a necessidade de saber o nome exato do item.
Exemplo Prático: O usuário tira uma foto de uma xícara de café com um design específico e o Google Lens encontra onde comprar essa xícara e compara preços.
Pesquisa por vídeo: O Google reconhece a preferência por conteúdo em vídeo, integrando-o cada vez mais nos resultados de busca.
AI Overviews e AI Mode: O Google está integrando o Gemini (sua IA) diretamente nos resultados de busca:
– AI Overviews: Resumos gerados por IA que aparecem no topo dos resultados de pesquisa, respondendo a perguntas complexas de forma concisa. Nos EUA, anúncios já estão sendo exibidos nessas seções, com altas taxas de conversão.
– AI Mode: Uma aba dedicada no Google (google.com/imode) onde os usuários podem fazer perguntas complexas, semelhantes às interações com o Gemini. Isso permite buscas detalhadas com múltiplas perguntas simultaneamente. Anúncios também estão sendo testados nesse modo nos EUA, com conversão ainda maior.
Exemplo Prático: Um usuário pode perguntar ao AI Mode: “Quero encontrar um arquiteto minimalista que prefira trabalhar com madeira e tenha um portfólio com projetos residenciais em São Paulo”.
Intenção por trás da busca: A intenção do usuário por trás da pesquisa tornou-se mais crucial do que as palavras-chave em si. O histórico de buscas do usuário influencia diretamente os resultados e anúncios exibidos.
Avanços no Google Ads
O Google Ads está se adaptando a essas mudanças com novas funcionalidades e o aprimoramento das existentes.
O fim da correspondência exata e de frase (ênfase na ampla com intencionalidade): O Google prioriza a intenção do usuário em vez da literalidade das palavras-chave. A correspondência ampla, combinada com a compreensão da intencionalidade do usuário, permite alcançar um público mais relevante.
Exemplo prático: A palavra-chave “plano de saúde” é ampla. No entanto, se um usuário pesquisou anteriormente “quanto custa plano de saúde empresa” e “melhores planos de saúde empresa”, o Google entende que a intenção da busca “plano de saúde” é para empresas, mesmo que a correspondência seja ampla, e exibirá anúncios relevantes.
AI Max para campanhas de pesquisa: Este novo recurso (a ser lançado globalmente em breve) permite que as campanhas de pesquisa lidem com os AI Overviews e AI Mode. A IA utiliza dados da página de destino, anúncios e palavras-chave para identificar o que é vendido e adaptar o conteúdo dos anúncios (títulos, descrições) automaticamente, indo além da correspondência exata.
Exemplo prático: Uma campanha ativa o AI Max. O Google, com base no histórico de pesquisa de um usuário que buscou por “calça masculina SJA cinza Calvin Klein”, pode criar um anúncio em tempo real: “Calça SJA Cinza Masculina – Promoção, Compre Agora”, mesmo que o anunciante não tenha criado esse título específico.
AI Agentic: Um “agente de IA” dentro do Google Ads que realizará tarefas complexas e rotineiras, como análises comparativas de campanhas, otimização e criação de novos anúncios. Ele também pode ser proativo, executando ações com base em condições predefinidas.
Exemplo prático: O anunciante pode instruir o agente: “Analise a campanha ‘XPTO’ semanalmente por um ano e identifique a variação média da taxa de conversão. Se o CTR cair abaixo de 10%, crie um novo anúncio buscando 15%.”.
Chrome Gemini (agente de busca): Um agente de IA no Google Chrome que automatiza buscas rotineiras e complexas para o usuário. Exemplo prático: Um usuário pode configurar o Chrome Gemini para “Procurar um apartamento na Vila Madalena com 2 quartos, até R$ 800.000, e repetir a busca semanalmente até encontrar”.
Otimização das campanhas (3 tipos principais)
O Google Ads está convergindo para três tipos principais de campanha:
Pesquisa: Para intenção de compra de fundo de funil.
Geração de demanda: Absorve campanhas de YouTube, Display e Gmail, focando tanto em gerar demanda quanto em converter.
Performance Max (PMax): Campanha completa que exibe anúncios em todas as plataformas do Google (pesquisa, display, YouTube, shopping, etc.), otimizando para os melhores resultados. A PMax agora oferece relatórios de canal, permitindo analisar a contribuição de cada plataforma para a venda. Além disso, a PMax está mostrando bons resultados na geração de leads quando alimentada com os inputs corretos de inteligência.
Asset Studio: Uma ferramenta que utiliza IA para geração e variação de criativos (imagens e vídeos) dentro do Google Ads, facilitando a criação de múltiplos anúncios para diferentes formatos e plataformas.
Exemplo Prático: O anunciante faz o upload de uma foto de um produto e o Asset Studio gera automaticamente variações de cores, formatos (horizontal, vertical) e até mesmo transforma a imagem em vídeo com texto e animações.
Exploração de lances inteligentes: Permite definir um intervalo para as metas de lances inteligentes (CPA desejado, ROAS), evitando que a campanha entre em fase de aprendizado a cada pequena alteração.
Exemplo Prático: Se o ROAS desejado de uma campanha é 1000%, o anunciante pode permitir que ele flutue entre 900% e 1100% sem travar a campanha.
Tracking avançado: A mensuração precisa das conversões é mais crucial do que nunca. Contar cliques em botões de WhatsApp como conversão principal não é suficiente. É fundamental rastrear vendas reais e o dinheiro no caixa da empresa para que a IA do Google Ads possa otimizar as campanhas de forma eficaz.
Exemplo prático:Em vez de contabilizar 10 cliques no botão do WhatsApp como 10 leads, o anunciante deve configurar o tracking para registrar a venda real, ou seja, se apenas uma dessas conversas resultou em uma compra, o Google Ads deve registrar uma venda.
Como se preparar para o futuro do Google Ads
Para ter sucesso nesse novo cenário, é preciso adotar uma abordagem estratégica e proativa.
Aprender a jogar o jogo da intencionalidade: Compreender a intenção por trás das buscas do usuário, em vez de se prender à correspondência exata de palavras-chave. Isso otimiza o uso da correspondência ampla.
Otimizar o site para IA: Seu site deve ser facilmente compreendido por uma IA. Isso inclui ter páginas dedicadas a produtos/serviços específicos, com conteúdo claro e relevante. Sites institucionais ou com múltiplos produtos/serviços em uma única página podem ter problemas.
Ferramenta útil: Utilize ferramentas como firecraw.pde.dev para analisar como seu site é percebido por uma IA.
Criar anúncios mais completos: Use o máximo de títulos e descrições possíveis (pelo menos 4 a 6 títulos e no mínimo 2 descrições) e evite fixar anúncios, títulos ou descrições para permitir que a IA otimize a exibição.
Acompanhar o buscador do Google diariamente: Entender como o Google exibe os resultados de busca (texto, imagem, vídeo, shopping, local, AI overviews, AI mode) no computador, celular e no aplicativo do Google. Isso ajuda a criar anúncios mais poderosos.
Investir em tracking profissional: Assegure-se de que o Google Ads esteja recebendo informações reais sobre vendas e dinheiro no caixa. Conversões rasas (como cliques em botões de WhatsApp) não fornecem dados suficientes para a IA otimizar as campanhas de forma eficaz.
Dominar o Gemini (IA do Google): O Gemini é fundamental para criação de textos, áudios, vídeos e para auxiliar na compreensão do negócio, mercado e persona, gerando inputs mais eficazes para as ferramentas de IA.
Análise de concorrência e mercado: Utilize o planejador de palavras-chave do Google Ads para verificar a demanda do seu mercado e as informações de leilão para identificar novos concorrentes e tendências.
Foco em campanhas de vídeo: Reconhecer a importância do vídeo no processo de compra e integrar campanhas de vídeo (Geração de Demanda ou PMax) em sua estratégia.
Onde se ganha o jogo no novo cenário do Google Ads: Com a automação crescente e o auxílio da IA em tarefas rotineiras, o foco do marketing se desloca.
Marketing é sobre pessoas: A IA automatizará grande parte das otimizações e análises, liberando os profissionais para se concentrarem no que realmente importa: entender o comportamento humano, as emoções e os desejos do consumidor.
Melhores inputs para a IA: O sucesso estará em quem conseguir dar os melhores inputs para as ferramentas de IA, o que exige um profundo conhecimento do negócio, do mercado e da persona.
Domínio da ferramenta e da IA: Não basta apenas dominar a ferramenta (Google Ads) ou apenas a IA. É a combinação do conhecimento de marketing com o domínio das tecnologias de IA que permitirá vencer a concorrência.
Adaptação contínua: O Google está em constante mudança, e a capacidade de se adaptar rapidamente às novas funcionalidades e tendências será um diferencial crucial.
O futuro do Google Ads com a inteligência artificial não eliminará o papel do profissional de marketing, mas o transformará. Aqueles que souberem aliar o conhecimento humano sobre o consumidor com o poder da IA estarão anos-luz à frente.